Ética, inclusão e saúde mental foram os primeiros destaques do XVIII Seminário Sul Brasileiro ANAMT

A ANAMT iniciou, nesta sexta-feira (05/05), seu XVIII Seminário Sul Brasileiro de Medicina do Trabalho. O evento, que reuniu especialistas de todo o país para discutir os desafios do segmento, foi iniciado com um tema instigante, o qual causou momentos de reflexão aos participantes: “O que é ética, e o que é moral?”. Em sua palestra de abertura, a filósofa Viviane Mosé afirmou que a ética é fundamental na rotina do médico do trabalho. O conhecimento técnico já não é mais suficiente na tomada de decisões:“ Hoje o maior desafio da medicina do trabalho é pensar no que fazer para tomar uma decisão baseada na ética.” ressaltou a filósofa.

Logo depois a juíza Valéria Franco da Rocha, do Programa Trabalho Seguro do Tribunal Superior do Trabalho – PR, falou sobre as ações realizadas na região sul do país, que têm o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de prevenção de acidentes do trabalho. Segundo a especialista, os acidentes de trabalho típicos têm sido controlados: “Uma das diretrizes fundamentais é a implementação de políticas de defesa da segurança e saúde no trabalho”, declarou a magistrada.

Os desafios para a inclusão do médico do trabalho também foi um dos assuntos debatidos durante à tarde desta sexta-feira. O Dr. René Mendes, especialista e professor de Saúde Pública e Medicina do Trabalho, destacou os momentos críticos na trajetória de vida e trabalho, além do gênero como vulnerabilidade e discriminação. “ O momento do mercado de trabalho é crítico para a inclusão por conta do cenário econômico do país, pelo aumento do desemprego.” disse o especialista.

Ainda com o tema da inclusão, a Dr. Nadja de Sousa Ferreira, reumatologista e presidente da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, enfatizou a diversidade nos ambientes de trabalho. O acolhimento da pessoa dentro do seu potencial individual, interpessoal e de qualidade, é essencial para um bom rendimento nas tarefas cotidianas. No processo de inclusão, o médico deve preparar normas internas e com múltiplas formas de comunicações, como libras e símbolos oficiais de segurança. “ O médico do trabalho é o gestor de conflito dentro da empresa. É preciso estar atento às habilidades biológicas pessoais, potencialidades de discursos da normalidade e deficiências com amparo ou não da legislação.”

O papel dos novos modelos de gestão do trabalho na saúde mental, foi um dos assuntos mais debatidos no primeiro dia do evento. Especialistas da área de psiquiatria e de riscos psicossociais, trocaram ideias com o público sobre os fatores de risco do adoecimento dos trabalhadores e de como ocorre a avaliação, aspectos epidemiológicos e manejo clínico. De acordo com o Dr. Álvaro Roberto Crespo Merlo, especialista em Saúde Pública e doutor em Sociologia, cada vez mais as empresas estipulam metas abusivas, o que levam muitos funcionários a desenvolverem doenças como depressão e mal estar no ambiente de trabalho.

“ O papel do médico é mudar o olhar para o ambiente de trabalho, o qual está inserido. É importante lembrar que a saúde mental no trabalho não depende só do indivíduo”.

A última mesa do dia foi sobre Informações de Saúde e a confiabilidade, aspectos éticos e segurança. Dentre os itens apontados, a necessidade de adequação do médico do trabalho às mudanças sociais e técnico científicas. O Dr. Paulo Rebelo, vice-presidente da ANAMT, falou da importância das informações de saúde que devem ser utilizadas pelos médicos. “ A medicina do trabalho é uma especialidade clínica, é preciso ter um olhar coletivo e individual para o paciente.” As áreas de atuação e as atitudes práticas também foram apresentadas, sendo reforçada a imagem do médico do trabalho como gestor de saúde.

Fonte: ANAMT